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Recomeços

Letra a letra, passo a passo. A cada dia, mês e estação, um recomeço.

Recomeços

30.04.23

Castelo de Beja

Maria Ribeiro
 

 


 



 

Não me importa o que os outros dizem. Gradualmente afasto-me mais e mais de gente e era muita, muita a gente por aqui, da qual eu fugia, procurando avidamente os espaços vazios por momentos. Pensava para comigo que, lá para o Outono, talvez no Inverno, caso o passa fazer, retornarei. Gosto de visitar com calma e o respeito que merecem estes sítios. Discernir sobre cada recanto, pedra, adro, terreiro…  



Costumo ter grandes conversas com as pedras. Perguntar aos enormes cedros e demais árvores por perto, como era a vida, por aqui?
O que terão visto de monta que possam confidenciar-me, sem querer saber pormenores sórdidos ou imiscuir-me nas decisões que os antigos tomaram e nos granjearam o país que temos; que estes, os de hoje, vendem e estragam sem tino, nem gratidão. Nunca obtive resposta!



 

Virei sim! Para subir, com calma, até ao cimo. Pagando, claro... porque nada é gratuito. Ouvir novamente o sussurro das árvores, sem vozes, nem gritos a sobreporem-se. Sentar-me-ei, naquele banco de pedra à entrada e continuarei o discernir que interrompi. 

 


 

Talvez almoce nos muitos lugares perto. Enquanto coma, compare o meu pobre repasto com os banquetes da época, acompanhados a alaúde e a voz de menistrel.
Pelos meus olhos passem os trajes das damas, os dos cavalheiros e tenha um vislumbre do rei...





À entrada existe esta laje com a inscrição:


"Aqui jaz Afonso Vaz Viegas. Santa Gloria Aja. Faleceo a Nove Dias de Março de 1507 Anos. Rogad a Deos Por Sua Alma."



 


Neste dia, por lá, só tansos! A evidenciarem orgulhosos a sua ignorância e desrespeito pelas memórias dos antepassados. Que sairiam de bom grado da tumba e de espada em riste, correriam com estes, de telemóveis e tablets na mão, a conspurcar-lhes o nome e os feitos. 
Ridicularizarem-se a si e aos demais... que, com tal, não querem ter pacto. 

 



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Ora, bolas! Que desinteressante e pequena sou. Nunca trago imagens de "grandes, coisas", lugares de impacto, quando essa "coisa grande e primeira" é o meu país, que privilegio sobre todos. Aos outros lá iremos quando tiver de ser e se acaso se for. Se não for em vida... na morte, asas teremos para chegar a toda a parte que nos ficou por ver!

 

 

 

 

 

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