Pedras no caminho?
Imagem: Turismo de Porto de Mós
Talvez seja isto o amor. Eu fico e tu voltas sempre que sais de manhã. Eu quero voar, mas prescindo das minhas asas por ti. Tu queres fugir, és mais terreno! Mas quando e sempre que foges, levas-me(nos) contigo.
Disse-te sim, calcula, quase há trinta e seis anos! Quando o disse andei uns dias a pensar se devia dizê-lo. Se me comprometia. Toda a vida... até a morte? Era muito tempo! De ti? De um nós que, sinceramente na altura, não via ir muito longe. Não sei o que pensaste, nem se te assaltaram dúvidas. Se as tiveste, ou...
Tiveste outras mulheres nesta caminhada a dois, nunca dei conta! A bem-dizer terias de ser ilusionista. Mas que homem, quando o quer, não é?
Olha! Tão sinceramente como dar-nos uma oportunidade na altura, que levou a melhor, sobre não nos dar hipótese de tentarmos, não quero saber. De mim sei e basta!
O meu corpo nunca foi de outro! As minhas horas e tempos livres na sua maioria pertenceram-te e pertencem. O pensamento? Talvez não te seja sempre fiel, mas nunca levou a consciência a recriminar-se. Nem tive vergonha de te olhar bem fundo nos olhos. Há o que me embarace dizer-te.
Do meu modo insatisfeito, independente, teimoso e confuso. Bastas-me.
Muito do caminho fizemo-lo a crescer juntos! Com todas as dores que o crescimento aporta. A outra metade, compreendes tal como eu, que vai ser a descer. Vertiginosamente! Quais rápidos num rio.
Mas por mais que a vida nos tenha posto à prova um, nunca soou estranho ao outro. Houve, quaisquer, real intenção de corte decisivo dos laços que nos ligam.
Quero acreditar também que permanecemos fiéis à nossa rota e que continuamos a remar na intempérie.