Pode não parecer...
Imagem: Jornal Expresso, todos os direitos reservados.
Mas hoje pode ser o último dia em que muito do que se conseguiu, termina. Tanto que se esperava fosse feito, ou já na calha, seja simplesmente travado e devolvido à estaca zero.
Pode não parecer, mas não está realmente nas nossas mãos não voltarmos a 24 de Abril de 1974. Há muita gente esquecida. Outra tanta que a viver "à grande" está-se nas tintas para os demais.
É vê-los esfregar já as mãos de contentes! Desenrolarem as faixas bafientas e roídas pela traça, e tentar dar-lhe outra "cara," para que se afigurem novas.
Pode não parecer. Mas só estamos neste impasse porque Marcelo Rebelo de Sousa fez de tudo para aqui chegarmos. E quiçá preocupado, aflito que o seu partido não chegue à vitória, foi votar antecipadamente. Pois que outro motivo premente não terá para o não fazer amanhã?!
Pode não parecer, mas chegámos aqui graças ao papel da justiça. Justiça que vemos meter os pés pelas mãos amiúde. Que em vez de apresentar resultados das "graves" investigações que conduz, deixa alongar no tempo as decisões, muitas delas, não produzem efeito.
Consola-me que o meu voto não elegeu Marcelo Rebelo de Sousa!
E quando o ouço dizer que se "fecha um ciclo e abre-se outro", todos sabemos muito bem que foi, desde o início, o seu móbil. Quando afirma "que uma das suas preocupações é "a urgência de acelerar a recuperação da economia" dá-me uma irreprimível vontade de rir!
Interromper um mandato como foi interrompido. Inverter o que decorria e o que se debatia para obter consensos não é retroceder? Lançar o país novamente em eleições não é sujeitá-lo a uma despesa evitável?
Quando prossegue e menciona "o compasso de espera na saúde, na habitação, na educação, noutras áreas sociais, para os mais jovens, o desemprego; para os menos jovens, sempre a garantia futura das pensões e das reformas, não consigo para de gargalhar! Nem de equacionar se foi repentinamente acometido de qualquer episódio de amnésia!
Sempre que ele afirma que "fará tudo para afastar o Chega do governo", não me chega! Porque se o Chega chegou até aqui, foi porque ele criou as condições propícias para que chegasse.
Não! Em democracia não é aceitável que um Presidente da República "entre" na campanha eleitoral. Tampouco que por tudo e alguma coisa mande recados, puxe orelhas, ameace o governo em público, perante câmaras e jornais.
"Acene" a par e passo com a queda do governo ao primeiro-ministro legitimamente empossado, devido a "cenários" que só tiveram lugar na cabeça dele.
Amanhã, assim queira Deus, vou votar! E como o senhor Presidente, tenho também preocupações. Mais que as três que tem.
Confesso mesmo que tenho medo. Mas se o tenho, a ele, o devo.
Para terminar. Só não voto 30 vezes porque tal não me é permitido. Porque se fosse por mim... não passariam! Jamais.