Sempre que chove
Imagem: National Geographic
Lógico que para muitos pode ser um aborrecimento chover. Porém, é tão belo ver por esse Portugal fora os rios cheios; as barragens abertas enchendo o ar de gotículas que formam um nevoeiro leve, através da brancura da espuma que tantos litros de água a correr apressada, quais crianças que se atropelam à saída da escola sem se magoar, é algo fantástico.
Em detrimento de observarmos a terra seca gretada; dia após dia o ar quente e irrespirável repleto de pó e maleitas fãs desse tempo infecto. Serem impostas restrições ao seu uso. E nem a pouca que corre ou se bebe diminui a febre da pele. Faz as noites mais frescas. Assistir a labaredas desenfreadas, levar na frente casas e vidas sem se acobardarem perante o vómito das mangueiras já quase sem alimento, manejadas por bombeiros(as) exaustos que, não só sucumbem aos fumos tóxicos, mas ao ímpeto do vento forte que o incentiva. Populares desesperados a correrem desatinados empunhando baldes ou ramos, para conseguir impedir que as chispas se propaguem.
Claro que a água em excesso vinda do mar ou do céu pode também causar muita desgraça.
Mas o futuro da humanidade é a falta dela. A procura aflitiva e a luta acirrada por ela. E quem a maldiz como os que a bendizem que se lembre de a poupar agora, porque há-de fazer falta, amanhã! Talvez a diferença, igualmente, entre a vida e a morte.
Chove! Gosto tanto do tilintar da chuva na vidraça. Da tropelia das crianças pelos passeios e poças. De ver e ouvir os pássaros felizes a pular de ramo em ramo, ou a bebericarem de rabitos empinados, para esvoaçar logo a seguir. Até ao vento violento de que não gosto, mas puxa por ela suporto!
O mundo é mágico quando chove. A vida torna-se aveludada! Parecendo enxotar o rugoso rotineiro para a sarjeta, sem que se lhe lamente a perda.